sexta-feira, 23 de março de 2007

ONDE MORAR

degraus. e os passos da erva
sob céus arrumados pela manhã.
ou então um rosto enrugado
à janela. a porta ali ao lado.
água na pedra. e além
os cavalos que relinchavam como quem canta
a incendiar o vento. degraus. uma
casa em transumância. a pétala
que me lavra enquanto vou: havia
a música e os sobreiros na lonjura
havia a seara o astro a chuva.
pétala. meu lume
no cimo da ternura.
roxo de palha e cal. e um rio que
corre. entre degraus.
um rio onde fulgir, onde morar.

José Manuel Mendes

Sem comentários: