domingo, 25 de março de 2007

Triste quem ama, cego quem se fia

Triste quem ama, cego quem se fia
Da feminina voz na vã promessa!
Aspira a vê-la estável! Mais depressa
O facho apagará, que espalha o dia.

Alada exalação, que na sombria
Tácita noite os ares atravessa,
Foi comigo a paixão volúvel de essa
Que o peito me afagava e me feria.

Do desengano o bálsamo lhe aplico,
E a teus laços, Amor, sem medo exponho
Dos benéficos céus o dom mais rico.

Vejo mil Circes, plácido, risonho;
E se fé me prometem, ouço, e fico
Com quem despertou de aéreo sonho.

Bocage

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